Brasil apresenta excelente posicionamento nos temas de segurança da informação. (Só que não)

Win concept. Businessman holding gold medal.

Poderia ser uma notícia boa, mas não é, infelizmente todos os posicionamentos apresentados pelo Brasil quando o tema é cybersecurity estão relacionados aos problemas e não as soluções.

“Posso estar enganado, ao menos é o que mais vejo.”

Uma matéria da TI Inside de 18 de dezembro de 2019 aponta o Brasil como sendo o segundo país com mais sequestro de dados no mundo.

“Brasil se mantem como o segundo país com mais sequestro de dados”. Nos top 5 ransomware só estamos perdendo para os Estados Unidos. 

Me estranha não encontrar a Rússia entre esses 5 players, muito provável porque eles não têm atacado o próprio bairro e preferem atacar o bairro vizinho.

A fama do Brasil como sendo um reduto de tranqueiras digitais não é nova. Desde que saí do mundo corporativo tenho tentado manter-me de alguma forma conectado com o que acontece sobre esse tema e aqui no Chile uma das maneiras é frequentar as poucas conferencias que surgem durante o ano.

Uma que gosto muito  é a 8.8, mais voltada para o público hacker onde alguns dos problemas são abordados de maneira bem aberta e sem aquele apelo comercial das conferencias mais chiques (cuícas, como eles dizem aqui).

Desde 2017 que escuto comentários nessas conferências que fazem com que me encolha um pouco na cadeira. Um deles, justamente em 2017 foi que: “Quando se vai ao Brasil você terá duas certezas, vai comer bem e certamente seu cartão será clonado.” E nesse momento o palestrante relata como o cartão dele foi clonado diretamente no ATM dentro um hotel chique no Brasil.

Nesse ano 2019, um dos palestrantes (brasileiro por sinal, trabalha em uma das maiores empresas de segurança do mundo. Empresa que fornece cybersegurança avançada), falou sobre como o Brasil tem se posicionado referente aos problemas de fraude bancária, novamente ocupando uma posição super destacada no mundo e não somente pelo volume, mas também pela forma e sofisticação como os ataques são efetuados obviamente contra o elo mais frágil da cadeia, “o cliente”.

O brasileiro sem dúvida é conhecido pela sua criatividade e lamentavelmente esse potencial é direcionado não só para coisas uteis como também para todo tipo de atividades ilícitas. Segundo as estatísticas apresentadas durante a palestra são realizados 22 ataques a entidades financeiras por segundo, contra médias que mal alcançam a 1 ataque por segundo nos vizinhos da américa latina.

Em outras palavras, é uma zona de guerra.

A fragilidade das leis brasileiras e falta de recursos abundantes combinados com a já mencionada criatividade brasileira é pasto farto para essas atividades e ainda podemos temperar com uma péssima educação em termos de uso seguro da tecnologia.

E como tudo o que é bom (ironicamente falando) se deve compartilhar, a delinquência digital brasileira está buscando novos horizontes e tem buscado recrutar pessoas aqui no Chile para expandir seus negócios em terras andinas. Exportamos talentos também…

Convites descarados tem sido feitos em redes sociais para a produção de phishing em idioma local (espanhol) de forma a tornar as armadilhas cada vez mais convincentes e o Chile é candidato certo em função da situação econômica, um bom grau de informatização e uma péssima aplicação de segurança de informação em todos os sentidos.

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