De câmeras de campainha a brinquedos sexuais, o risco do IoT.

Se está conectado, tem que estar atento.

Sempre desconfiei que cedo ou tarde alguém faria uma matéria sobre isso, desde que mudei para um apartamento novo no Brasil e via meus vizinhos colocando aquelas fechaduras super chiques com números e biometria ao invés de chave, pensava que cedo ou tarde ia ter problema. – Eu fiquei com a boa e velha chave.

Uma matéria da SC Magazine de 18 de dezembro de 2019 traz um alerta sobre o risco das câmeras de campainha.

A reportagem conta o caso de uma pessoa que teve sua câmera de campainha sequestrada – do ponto de vista digital, óbvio – e passou a sofrer ameaças raciais.

Na mesma matéria a um outro breve comentário sobre o sequestro de uma dessas câmeras de berço e novamente houve ameaças sobre a possibilidade de sequestro dos bebês.

Isso não é novidade e tampouco é algo que somente hackers russos (ou brasileiros, lembrando que lamentavelmente também estamos na crista da onda com o tema) conseguem fazer.

Basta uma visita rápida ao Shodan.io e buscar pelo seu país preferido e sua câmera preferida que certamente você vai encontrar um IP disponível e com aquelas famosas senhas básicas (admin, 123456, amor, love, etc…) e a partir daí pode passar a curtir seu Reality Show sem que o dono do dispositivo perceba.

Aqui é o momento onde o barato acaba saindo caro. Nem sempre comprar aquelas câmeras de segurança baratinhas fabricadas naquela país oriental superpopuloso é um excelente negócio. A maioria delas faz um roteamento das suas imagens sei lá onde antes de chegar no seu computador ou celular. (Basta perder um tempinho e dar uma olhada no tráfego que entra e saí de lá). E segundo, que as camadas de proteção beiram ao ridículo, quando existem.

Se você chegou ao ponto de estar preocupado com a sua segurança e da sua família, não vá tapar o sol com a peneira.

ACHAR que está seguro é muito pior do que ter certeza de que não está.

Invista em um equipamento que tem um fabricante conhecido por traz, que você pode encontrá-lo e que pode te dar algum suporte e atualização em caso de problema. Afinal é sua segurança que está em jogo.

Ainda falando na sua segurança e na de sua família.

Esse ano na conferência de Segurança 8.8 que ocorre aqui em Santiago foi apresentado um estudo feito por Cecilia Pastorino e Denise Giusto ambas da welivesecurity.com, sobre a vulnerabilidade existente em brinquedos sexuais.

Primeiro, eu não tinha a menor ideia de que existia tanta variedade de itens assim. Segundo que existem uns que se conectam pela internet e terceiro talvez o mais inusitado, que alguns desses podem se conectar entre casais onde cada um estimula a ferramenta do parceiro por internet.

Funciona igual uma sala de bate-papo. Você combina um horário, cada um se conecta no dispositivo do outro e começa a brincadeira virtual.

E é aí que mora o perigo como dizemos no Brasil. Foram encontrado falhas de segurança nas conexões de bluetooth, ou seja, é possível interceptar a troca de dados entre o dispositivo e o celular e alterar as parametrizações do dispositivo. É como se o dispositivo tivesse definido para operar numa velocidade 3  e de repente fosse alterado para trabalhar em velocidade 10. Ou mesmo alterar o schedule de funcionamento da coisa para um outro horário qualquer do dia.

Já no caso das conexões via Internet a coisa fica mais grave ainda, porque é possível assumir o controle de uma sessão aberta entre os parceiros que supostamente iriam começar a brincadeira e passar a participar do jogo sem que nenhum dos dois saiba do que está acontecendo.

Como fica isso? Será que pode ser considerado como um estupro?

Os IoTs, assim como todas essas modernidades do século XXI chegaram para trazer benefícios, no entanto os usuários das facilidades dos IoTs e outros dispositivos conectados a rede tem que ter a consciência do que estão fazendo.

Como mencionei em um artigo anterior. PARE. PENSE. CONECTE.

Uso consciente é o melhor uso que existe.

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